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 Onicofagia - ou roer as unhas

Artigo do Médico Dentista:
Filipe Teixeira de Melo, LP: 4857/OMD 

A onicofagia, mais conhecida como o hábito de roer as unhas, é uma condição comum que afeta cerca de 30% da população, podendo afetar pessoas de todas as idades. Este é um comportamento que pode ser desencadeado por uma variedade de fatores e que pode ter implicações tanto físicas quanto psicológicas. 

Se realizado de forma constante e repetitiva, a onicofagia pode mesmo ser considerado um tipo de transtorno de comportamento repetitivo focado no corpo, um distúrbio que leva os doentes a repetir compulsivamente um determinado comportamento, gerando danos físicos ao corpo. Além da onicofagia, existem outras formas de manifestação deste transtorno como morder os lábios, morder as bochechas ou arrancar fios de cabelo.



Principais causas da onicofagia:

O hábito de roer as unhas pode ser desencadeado por vários fatores:


  • Geralmente, este comportamento é um reflexo de emoções e sensações negativas, como o stress, o nervosismo ou a ansiedade, servindo como uma forma de aliviar nestes momentos de tensão. Por este motivo, pessoas muito nervosas, ansiosas ou deprimidas têm uma maior tendência para roer as unhas.
  • Ainda assim, há também quem o faça por questões de herança genética, uma vez que filhos de pais que têm este hábito têm uma maior propensão para também o desenvolver.


Se, por um lado, algumas pessoas roem as unhas de forma inconsciente, não se apercebendo que o estão a fazer, outras fazem-no de maneira consciente, aliviando assim intencionalmente os momentos de tensão.

Consequências da onicofagia:

Embora este possa parecer um hábito inofensivo, as suas consequências podem ser muito prejudiciais à saúde. Alguns dos principais efeitos da onicofagia são:

Danos físicos:

Roer as unhas pode levar a danos nas cutículas e nos tecidos ao redor das unhas, levando à deformação das unhas e resultando em inflamações e infeções. 

Problemas orais:

O contacto constante dos dentes com as unhas pode causar desgaste nos dentes, tornando-os mais sensíveis e frágeis, e chegar mesmo a alterar o seu posicionamento, o que pode desencadear outros problemas orais. Além disso, a aplicação de força excessiva nos dentes ao roer as unhas pode ainda levar a problemas e desconforto na articulação temporomaxilar, dores nos músculos da face e ombros, limitação dos movimentos de abertura da boca e perturbações do sono. 

Infeções:

Ao roer as unhas, várias bactérias e germes presentes nas mãos podem ser transferidos para a boca, aumentando o risco de infeções. 

Questões estéticas:

Além de consequências para a saúde física, o hábito de roer as unhas pode ter ainda ter consequências estéticas, conferindo uma aparência desagradável aos dedos e à dentição que pode afetar a autoestima e confiança. No caso dos dentes anteriores, isto é, os dentes localizados na frente da boca em cada arcada, o ato de roer as unhas pode mesmo levar ao seu encurtamento e achatamento, alterando a aparência do sorriso. Além disso, o desgaste causado por este hábito aumenta também a suscetibilidade para manchas, que alteram a cor da dentição.



Tratamentos e estratégias para parar de roer as unhas:

 

Parar de roer as unhas pode exigir um conjunto de estratégias e tratamentos que permitam aliviar a tensão sem que seja necessário recorrer a este comportamento.


Neste sentido, algumas das principais recomendações são:


  • Consciencialização: Estar ciente do hábito é absolutamente fundamental para o conseguir controlar. Neste sentido, é importante tentar manter um registo dos momentos em que as unhas são ruídas para ajudar a identificar os possíveis gatilhos. 
  • Técnicas de relaxamento: Para aliviar sensações de stress e ansiedade, praticar meditação, yoga ou outras técnicas de relaxamento pode ajudar a reduzir também a consequente necessidade de roer as unhas.

  • Substituição do comportamento: Um dos comportamentos recomendados pode também passar pela substituição do hábito de roer as unhas por outro comportamento, como recorrer a bolas de anti-stress, por exemplo.

  • Utilização de vernizes amargos nas unhas: Aplicar vernizes com sabor amargo nas unhas pode desencorajar o hábito. Estes vernizes são inofensivos para a saúde, uma vez que não são tóxicos nem absorvidos pelo corpo. 

  • Manter uma manicure regular: Manter as unhas bem cuidadas e cortadas pode reduzir a vontade de roê-las, motivando a pessoa a manter a sua aparência estética intacta. 

  • Psicoterapia: Certas terapias como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) podem também ajudar a lidar com as causas subjacentes ao hábito.


Roer as unhas durante muito tempo pode deixar algumas marcas na unhas e dedos. Para que estes recuperem de forma saudável, são necessários alguns cuidados, mesmo após parar este hábito. Recorrer a produtos de Aloe Vera e óleos essenciais, por exemplo, pode ser bom para acalmar e nutrir a pele e as unhas. Além disso, manter uma dieta variada também ajuda no crescimento e fortalecimento das unhas. A falta de ferro (presente nas leguminosas, por exemplo) ou de cálcio (encontrado em vários alimentos, entre eles os lacticínios) pode tornar as unhas mais frágeis.


Em grande parte dos casos de onicofagia, são necessários tratamentos ortodônticos posteriores, pelo impacto a longo prazo deste comportamento na saúde oral. Para evitar que isto aconteça, é essencial encontrar estratégias e tratamentos para contornar este hábito e, se necessário, recorrer mesmo a um especialista para aliviar a sensação de ansiedade – a maior causa da onicofagia –, através da recomendação de medicação adequada.

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